1- O que é a Literatura de Cordel?
A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-espanhol da Idade Média e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, lá chamados de cordéis. Foram os portugueses que trouxeram o cordel para o Brasil desde o início da colonização.
Xilogravura é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução de imagens e textos sobre papel ou outro suporte adequado. É um processo inversamente parecido com um carimbo já que o papel é prensado com as mãos sobre a matriz. A xilogravura originou-se na China, sendo conhecida desde o século VIII. No oriente, ela já se afirma durante a Idade Medieval.
José Francisco Borges, nascido em Bezerros, 20 de dezembro de 1935, é um xilogravurista e cordelista brasileiro. Aos 29 anos, José resolveu que iria escrever cordel. Foi quando fez O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina, xilogravado por Mestre Dila, que vendeu mais de cinco mil exemplares em dois meses. Como não tinha dinheiro para pagar um ilustrador, J. Borges resolveu fazer ele mesmo: começou a entalhar na madeira a fachada da igreja de Bezerros, que usou em O Verdadeiro Aviso de Frei Damião. Desde então, começou a fazer matrizes por encomenda e também para ilustrar os mais de 200 cordéis que lançou ao longo da vida.
J. Borges foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, recebeu o prêmio UNESCO na categoria Ação Educativa/Cultural. Em 2002, foi um dos treze artistas escolhidos para ilustrar o calendário anual das Nações Unidas. Sua xilogravura A Vida na Floresta abre o ano no calendário. Em 2006, foi tema de reportagem no The New York Times. Suas xilogravuras são impressas em grande quantidade, em diversos tamanhos e vendidas a intelectuais, artistas e colecionadores de arte. Também atende pedidos para representar o cotidiano do pobre, o cangaço, o amor, os castigos do céu e outros temas, sempre ligados ao povo nordestino.
Em sua cidade natal, foi inaugurado o Memorial J. Borges, com exposição de parte de sua obra e objetos pessoais.
Varoujan Kei nº33 6G
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